terça-feira, 22 de junho de 2010

O Carma Francês

Por Lucas Bueno

Na primeira Copa do Mundo sem o seu grande astro, Zinedine Zidane, a seleção francesa é desclassificada logo na fase de grupos do torneio, fazendo apenas um gol. Essa eliminação dos Bleus extrapola o nível técnico dos jogadores. A crise envolve desde os jogadores ao governo francês.

A polêmica francesa teve início ainda nas eliminatórias para a África 2010, quando na repescagem contra a Irlanda se classificou após empatar o jogo com um gol irregular, em uma ajeitada de mão escandalosa de Henry, para depois Gallas concluir a gol. A França estava na Copa! Pobres irlandeses.


Até que chegou a hora do sorteio dos grupos para o Mundial. E não é que os franceses tiveram "aparentemente" sorte. Escaparam de Brasil e Argentina, os cabeças-de-chave que poderiam enfrentar já na fase inicial, e as bolinhas os levaram para o grupo A, dos Bafana Bafana. Juntamente com a equipe anfitriã, os Bleus enfrentariam o Uruguai e o México. Um grupo equilibrado, mas "classificável" para a equipe vice-campeã em 2006.

A seleção francesa passa por uma renovação e sempre esse é um período que requer muita atenção e tranquilidade, fatos que foram esquecidos. O treinador Raymond Domenech, o supersticioso do zodíaco, na relação dos 23 convocados deixou de fora duas promissoras revelações, o atacante do Real Madrid, Karim Benzema e o meio campista do Arsenal, Samir Nasri.

O treinador apostou em outros jovens talentos, como o goleiro do Lyon, Lloris, o volante Diaby, do Arsenal, o armador do Bourdeaux, Gourcuff e os experientes, Evra, Gallas, Abidal, Anelka e Henry. E foram, justamente esses cinco últimos, que aguçaram a crise francesa.


Os jogadores, desrespeitando a hierarquia de Domenech, não concordaram com a escalação dos onze titulares para o confronto de estreia contra os uruguaios. Para o segundo confronto "os experientes" queriam algumas alterações na equipe, como o volante Toulalan e Diaby, além do capitão Henry. O grupo estava rachado os jovens de um lado e os mais velhos do outro e no comando.

Após a derrota por 2 a 0 para os mexicanos a crise foi escancarada e uma sucessão de problemas surgiram. O atacante Anelka xingou o treinador no vestiário e foi cortado da seleção, jogadores se desintendem em voo, o preparador físico francês quase sai no tapa com Evra, os atletas se recusam a treinar e dizem não serem apoiados pela Federação Francesa de Futebol (FFF).

Com toda essa guerra de interesses e vaidades, os prejudicados são os próprios profissionais que vão ficar com seus nomes manchados na história do futebol, e principalmente, a população francesa. É vergonhoso! Falta um líder nesse grupo francês, Henry não conseguiu assumir o vazio deixado por Zidane. A crise é tão grave que chegou ao governo francês. O depoimento da Ministra dos Esportes, Roselyne Bachelot, a pedidos do presidente Nicolas Sarkozy resumiu o sentimento dos franceses:


"O futebol francês enfrenta um desastre, não porque perdemos um jogo. Mas porque esse desastre é um desastre moral. O governo francês não intervem no esporte, salvo em casos em que a reputação do país inteiro está em jogo. Como é caso hoje."

"Olhei nos olhos de cada um deles e disse: 'está nas mãos de vocês que os nossos filhos continuem a vê-los como heróis. Para alguns ou muitos de vocês este será, provavelmente, o último jogo em uma Copa do Mundo. Um jogo de Copa do Mundo todos sonharam quando eram crianças.".

A reformulação no elenco será inevitável. O promissor treinador, Laurent Blanc, assumirá o comando da seleção. Agora veremos se o ego será maior que simples jogadores de futebol. ZICA IRLANDESA!

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