quarta-feira, 9 de junho de 2010

"Invictus" com a bola redonda

Por Lucas Bueno


O blog "Tapa Fácil" publicará diariamente posts relacionados aos acontecimentos mais marcantes ocorridos na Copa do Mundo de 2010. Fatos esses relatados com uma visão mais informal e inusitada sobre o assunto. Então daremos o ponta-pé inicial escrevendo sobre a seleção anfitriã, a África do Sul.

 
Guardem esta data de hoje, 9 de junho de 2010, ela poderá ser um marco na história mundial! Esse foi o dia que não houveram diferenças entre os homens na África do Sul, país que vivenciou e ainda vivencia, em menor escala, anos terríveis de segregação racial. Brancos e Negros não ocupavam o mesmo espaço. Mas eles se juntaram mais uma vez, relembrando o livro de John Carlin e, posteriormente, o filme Invictus, retratando como o esporte pode ser um elo forte para unir diferenças gritantes em uma nação totalmente desigual. Mas não devemos esperar eventos mundialmente grandes, como a Copa do Mundo de Rugby em 1995 e esse Mundial de futebol quinze anos depois. A mudança tem que partir nos pequenos atos individuais.
 
Por que este dia será marcante? As rádios e televisões convocaram todos os bafana bafana para vestirem a camiseta de sua seleção e pegarem seu objeto mais valioso e barulhento, as famosas vuvuzelas, para saudarem os jogadores sul-africanos na porta do hotel onde estão hospedados.
 
 
O temor que precedia o acontecimento era de existir apenas "negros" animados com a seleção, explicitando assim a  desigualdade racial presente na África do Sul, onde rugby é o esporte dos brancos e o futebol dos negros. Mas o que se viu foi uma aglomeração de todas as etnias, a geração arco-íris, com mais de 200 mil pessoas alegres animadas com a delegação dos bafana bafanas. Um êxtase total tomou conta de Joanesburgo.
 
O presidente sul-africano, Jacob Zuma, disse eufórico: "estou muito feliz de estar com vocês aqui hoje. Vim para mostrar que o país inteiro está 100% com os Bafana Bafana. Como otimista que sou, digo que vamos chegar à final. E minhas mãos já estão ansiosas para segurar a taça. A Copa do Mundo está pela primeira vez na África e é aqui que tem que permanecer.".
 
Esse sentimento relatado pelo Zuma contagiou todos. Agora torcemos para que a seleção bafana bafana se classifique para a segunda fase do torneio. Realidade essa totalmente plausível já que sob o comando de Carlos Arberto Parreira a África do Sul ainda não perdeu, foram 12 jogos, seis empates e seis vitórias. Sem contar que o grupo A da Copa do Mundo é o mais equilibrado com França, em má fase, México, que nunca assustou ninguém e o pobre Uruguai, restando-lhe apenas a raça.
 
 
Agora em um momento utópico de quem vos escreve, os bafana bafanas passam para as oitavas-de-final na segunda colocação e enfrentam a Argentina, líder do grupo B. Torço para eles derrotarem "nuestros hermanos" me vingando da Copa passada, quando em um vôo para Santiago no Chile, não pude ver o jogo Brasil e França. Ansioso para saber o resultado, um senhor argentino que sentava a minha frente no avião recebeu um telefonema assim que pousamos, dando várias gargalhadas. O maldito velhinho se virou para mim e meus amigos, e começou a gritar: HENRY! HENRY! 1 a 0! Quando peguei minhas malas, todos do aeroporto sabiam que éramos brasileiros, sendo motivo de chacotas por todos, chilenos, uruguaios e aquele argentino.
 
Parreira! Já que você foi um dos culpados da minha zombação geral em 2006, me vingue e vença os argentinos. Se bem que com o Joel Santana essa vitória seria ainda melhor e mais engraçada, "the right, the "mido", the left.".
 

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