quarta-feira, 30 de junho de 2010

Com um pé nas costas

Por Lucas Bueno

O Brasil teve sorte ao cruzar nas oitavas-de-finais com o Chile, velho conhecido continental e maior perdedor em duelos no período Dunga, a enfrentar uma seleção que pratica o anti-futebol, a Suíça.

A seleção chilena, do treinador argentino Marcelo Bielsa, El loco, atraía olhares atentos dos fãs de futebol, pelo fato de "inovarem" no meio de tanto pragmatismo existente nesta Copa do Mundo. Durante todo o Mundial, Bielsa armou seu time ora num 4-3-3, ora em um 3-3-1-3, com o intuito de reter maior tempo de posse de bola, com dois pontas bem abertos e visar sempre o gol.

Essa tática ofensiva chilena era o ideal para o jogo dos comandados de Dunga encaixar e a classificação se concretizar. E foi isso mesmo que ocorreu. Brasil 3 a 0, sem se esforçar tanto.

Calor dos jogadores mostra maior movimentação no meio

O Chile tinha desfalques no setor mais problemático da seleção, a defesa. Medel, Ponce e Estrada estavam suspensos. Já pelo lado canarinho, Elano e Felipe Melo lesionados deram lugar a Daniel Alves e Ramires. Uma formação inédita de meia canja, mais leve e que deu muito certo no desenrolar da partida.

O jogo começou com maior posse de bola chilena, 73%, o que era esperado. O Brasil aguardava pacientemente para armar seus contra-ataques, sua arma letal, puxados por Kaká. A maior preocupação brasileira era pelo lado esquerdo, onde Michel Bastos ainda não agradava, e também pelo fato de Isla e Alexis Sanchez formarem uma boa dupla pelo flanco direito do campo. Mas o camisa 6 verde-amarelo fez sua melhor partida nesse confronto, anulando as investidas de Sanchez.


Com o desenrolar da partida, naturalmente, saiu o primeiro gol brasileiro, após cobrança de escanteio e cabeçada de Juan. O jogador da Roma-ITA, fez seu quarto gol diante dos chilenos. O zagueiro juntamente com o capitão Lúcio formam a melhor dupla de zaga da Copa, sem cometer erros. Com o gol, o Brasil se tornou dono do jogo. E em um contra-golpe rápido, puxado por Robinho, Kaká deu belo passe para Luís Fabiano fazer um gol de artilheiro, driblando o goleiro e colocando a Jabulani no fundo do gol. Duelo decidido.

O Chile já entrou em campo derrotado, lembrando-se do duelo de 1998, onde perdera por 4 a 1. A seleção, hoje, pentacampeã mundial causa espanto aos adversários.


Na etapa complementar a equipe de Dunga se poupou. Ele até pode colocar em campo, Kleberson e Gilberto, até então coadjuvantes. Antes de se encerrar a partida deu tempo para o maior carrasco do Chile, atualmente, Robinho anotar o seu oitavo gol, na era pós 2006, tornou-se o maior carrasco chileno ao lado de Pelé, depois de bela arrancada de Ramires. Esse mudou a cara do meio-de-campo brasileiro, mas por inocência tomou seu segundo cartão amarelo, quando o jogo já estava definido e não enfrentará a Holanda.

Freguês como sempre, os chilenos voltaram para casa demonstrando ao mundo um futebol não "europeizado", gostoso de se ver. Já o Brasil chegou na fronteira, as quartas-de-finais. Há quatro anos, na Alemanha, a bagunça da comissão técnica, jogadores e dirigentes resultou ao Brasil também chegar entre os oito melhores do mundo. Agora, todo o comprometimento do treinador está a prova. Superará Weiggs ou retornará para o Brasil eliminado, sendo o principal responsável por uma nova Era Dunga?
   

A História da Copa

Por Edu Ribeiro

Com o final das oitavas, estamos cada vez mais perto do fim do mundial. Muita coisa aconteceu nas últimas semanas, vitórias e derrotas, decepção e alegria.
A BBC Sports registrou brilhantemente estas emoções em um vídeo com os melhores momentos da Copa até agora.

Então, enquanto as quartas não chegam, curtam o que de melhor aconteceu até aqui!

segunda-feira, 28 de junho de 2010

Futebol, finalmente!

Por Edu Ribeiro

Até o último fim de semana, a Copa do mundo ainda não empolgava muita gente. Jogos monótonos, poucos gols predominavam nos certames. Fora algumas partidas esporádicas, como Alemanha e Austrália, Portugal e Coréia, Itália e Eslováquia, a maioria dos jogos seguia com o mesmo padrão, 2 a 1, 1 a 0, por aí. Mas chegaram as oitavas e a coisa parece ter mudado. Emoção, gols, erros de arbitragem, neste fim de semana finalmente tivemos futebol. Deixaremos Uruguai e Coréia do Sul de lado, este já foi detalhado pelo amigo Lucas Bueno. O destaque de sábado foi mesmo Gana x EUA. Os ganeses, últimos africanos na disputa pelo titulo, defendiam a honra do continente, enquanto os norte-americanos ganharam destaque devido a sua força de recuperação durante a primeira fase. O jogo não primou pela técnica, mas teve emoção de sobra. Gol de Gana logo no ínício, reação dos EUA, prorrogação, mais um gol dos africanos, o goleiro Howard na área adversária para tentar o gol de empate, ou seja, um jogo digno de Copa do Mundo.

Os dois times faziam um bom Mundial, mas um tinha que cair. Os estadunidenses voltam para casa, mas voltam com orgulho de terem apresentado um time raçudo, que lutou até onde suas forças permitiram. Já Gana ganha o apoio de todo o continente para realizar o sonho de ser a primeira seleção africana campeã mundial.

Festa ganesa! O time é a última esperança da África.

Já no domingo...
Inglaterra e Alemanha protagonizaram a melhor partida da Copa até agora. Os ingleses, mesmo não apresentando um bom futebol durante o campeonato, tinham em suas estrelas, Rooney, Gerrad e Lampard, a esperança da reação. A Alemanha, que encantou com seu time jovem na primeira fase, carregava a dúvida se Oezil, Muller e cia conseguiriam mostrar o bom futebol em um jogo de peso. Dúvida respondida, show dos “meninos da Viller”. Até Klose, que não prima pela técnica, deu grandes passes nos gols da alemanha, e claro, marcou o seu. Tabelas rápidas, dribles, contra-ataques fulminantes, os germânicos fizeram um jogo digno de Santos.

Com contra-ataques rápidos, Alemanha arrasa Inglaterra.

A Alemanha jogou o melhor futebol do torneio até agora, tem o time mais bem montado, além de bons valores individuais, como Podolsky, Muller, e Oezil, o ganso alemão. Já a Inglaterra volta para casa carregando o fracasso de uma geração. Terry, Lampard, Gerrard, Ashley Cole, nenhum deles conseguiu mostrar em copas o futebol que jogam na Premiere League. Rooney, devido à sua contusão, veio à Copa apenas a passeio, não jogou metade do que sabe, mas tem mais Copas do Mundo pela frente.

O domingo acabou com o bom jogo entre Argentina e México. Os mexicanos não se intimidaram com a camisa hermana e partiram para cima. Jogavam melhor até o banderinha cometer a hereseia de dar o gol de Tevez, em um impedimento que até Ray Charles perceberia. Depois, ficou fácil para Argentina, a defesa mexicana não resistiu ao excepcional ataque composto por Tevez, Messi e Higuain. Carlitos fez um golaço e o México ainda diminuiu com um belo gol do jovem e bom Hernández.

Time unido em torno de Maradona.

Os hermanos, porém, aprensentaram problemas na defesa, zagueiros lentos e um meio de campo pouco marcador, fatores que os mexicanos não souberam aproveitar. Argentina vem forte para as quartas-de-finais, Maradona, o grande personagem do time, não é apenas técnico, é idolo e amigo dos jogadores. Comprometimento bem diferente do que ocorre no Brasil. Imagina se o Luis Fabiano abraçaria o Dunga do jeito que o Tevez abraçou “Dieguito”?

Embalos de sábado de manhã...
Sabadão promete, não marque compromissos para às 11 horas da manhã, pois Argentina e Alemanha vão se enfrentar. Os germânicos tem o melhor time, a Argentina os melhores jogadores no ataque. Resta saber se a união e a força ofensiva dos hermanos serão suficientes para compensar os problemas de sua defesa, que irá sofrer com a velocidade da garotada alemã.

Obs: O leitor deve achar estranho não haver nenhum comentário sobre o gol de Lampard que o juíz não deu. Pois bem, jornalismo imparcial é balela, estou muito simpático ao futebol da Alemanha e se, dois chapéus anulam dois gols, 4 a 1 com show anula um gol legal não validado. Imagina a Inglaterra com este futebol feio avançando para as quartas, era capaz até de ser campeã, logo, o juíz não fez nada mais que justiça.

domingo, 27 de junho de 2010

O brilho azul Celeste

Por Lucas Bueno

Apenas dezesseis seleções passaram às oitavas-de-final da Copa da África e o primeiro duelo realizado foi entre Uruguai e Coréia do Sul. Duas escolas diferentes de futebol. Os sul-americanos, carregam dois títulos mundiais em seu histórico, e os orientais mostram que o futebol asiático segue progredindo ano a ano. Quem se deu melhor foram os uruguaios, 2 a 1, com os tentos anotados pelo seu artilheiro Luis Suárez, jogador do Ajax-HOL.

A Celeste chega a fase de quartas-de-final da competição, onde restam apenas oito equipes, após 40 anos. A última vez fora eliminada na Copa do México em 1970 pelo Brasil, por 3 a 1.


A seleção atual chegou à África do Sul desacreditada. Eu mesmo escrevi neste blog, antes do início do Mundial, que os uruguaios eram apenas raça e que não assustariam ninguém. Equivoquei-me. Diego Lugano, o zagueiro e capitão do Uruguai, já tinha dado o recado quando desembarcou no continente africano. O ex-sãopaulino disse que a Celeste vinha forte e poderia surpreender nesta Copa por saber das suas limitações, diferentemente de outras seleções passadas.

A equipe começou o torneio empatando sem gols com os franceses, um jogo que não entusiasmou ninguém. Para o andamento do campeonato o treinador uruguaio, Oscar Tabárez, promoveu uma alteração. Sacou um meio-de-campo, colocou Cavani, jogador do Palermo-ITA, na frente e recuou Forlán para armar as jogadas. A equipe fluiu melhor em campo, chegando entre os oito melhores do mundo.


O Uruguai pode surpreender ainda mais. Possui na defesa dois zagueiros experientes e que passam confiança aos demais, Diego Lugano e Godín. Na parte central, os incassáveis e voluntariosos, Pérez e o Guinazu uruguaio, Arévalo Rios, protegem a defesa e a meta de Muslera. Na frente, nossos vizinhos possuem uma dupla de ataque excelente que vivem em grande fase. Forlán que terminou a temporada 09/10 dando o título da Liga Europa ao Atlético de Madri e o artilheiro da seleção na Copa com três gols, Suárez.

O próximo desafio da Celeste são os fortes ganeses, único representante sobrevivente da "mama África"  na segunda fase da Copa. Mais adiante os uruguaios poderão enfrentar o Brasil, em um possível duelo pelas semi-finais. Aí lembraremos do Maracanaço em 1950, de 1970... Esperaremos o desenrolar dos fatos, para possivelmente, nos vermos novamente em um Mundial, porque a zebra anda solta no safari africano.

Que Chatice!

Por Lucas Bueno

O embate entre a antiga colônia e seu colonizador, Brasil e Portugal, era o confronto mais aguardado pelos torcedores e foi o que menos os empolgou. As duas seleções jogavam no belíssimo estádio em Durban, o Moses Mabhida, buscando o primeiro lugar do grupo e fugir, consequentemente, de um possível confronto com a seleção espanhola, já nas oitavas-de-final do torneio.

Logo na escalação das equipes percebeu-se que o treinador português não sairia para o jogo. Armou sua equipe em um sistema com quatro zagueiros, cinco no meio e apenas um atacante, Cristiano Ronaldo. Carlos Queiroz congestionou seu meio-de-campo promovendo a entrada de Pepe, Ricardo Costa, Danny e Duda. A proposta lusitano era fechar o lado direito do Brasil, o mais forte, e jogar nas costas de Maicon. Já pelo lado canarinho, Dunga colocou Júlio Baptista no lugar de Kaká, Daniel Alves no de Elano e Nilmar, esse a novidade, no posto de Robinho, que sentiu um desconforto muscular sendo preservado.


O jogo foi carente em lances de gol. Apenas Nilmar, na primeira etapa, quando a Jabulani tocou a trave portuguesa após chute de canhota e Ramires, nos acréscimos do segundo tempo, tiraram o Uhh.. dos brasileiros. O confronto será lembrado pelos lances violentos, mas especificamente, dos projetos de xerifes Felipe Melo e Pepe. O volante brasileiro, que antes da Copa, disse que iria se controlar nas partidas, não se conteve avistando um adversário semelhante a si do outro lado do campo. Resultado do embate, ambos receberam cartão amarelo, no total de sete na partida. Felipe Melo sofreu uma entrada maldosa de Pepe e ainda no primeiro tempo foi substituído por Josué, mas sem antes dar o troco no português. Acertadamente Dunga sacou o número 5 evitando uma possível expulsão do esquentadinho volante.

No decorrer do duelo as dificuldades da nossa seleção ficaram em evidência. Não há uma alternativa de jogo, quando não temos Kaká em campo. Júlio Baptista não é "o cara", comprovando que Nilmar, é mesmo, a melhor opção para subtituir o camisa 10, recuando Robinho para a função de meio. Outro problema é o lado esquerdo. Michel Bastos não está agradando, com isso, a saída de bola brasileira se concentra pelo flanco direito.


Pelo lado português, o lateral-esquerdo Fábio Coentrão e o volante Raul Meirelles se destacam na África do Sul. Já o badalado Cristiano Ronaldo foi escolhido o melhor jogador do confronto pela Fifa. Eleito mais por sua imagem marqueteira a um belo futebol apresentado diante dos brasileiros.

Um 0 a 0 chato! Bom para o Brasil que classificou-se em primeiro lugar no grupo, e repetirá contra o Chile o duelo das oitavas-de-final da Copa da França de 98, 4 a 1 para nós. "El loco" Bielsa e seus comandados prometem aprontar diante dos pentacampeões e superar o resultado de doze anos atrás. Dunga, como treinador, venceu os chilenos por cinco vezes. A sexta vitória virá na segunda-feira no Ellis Park, em Joannesburg. Assim espero.

quinta-feira, 24 de junho de 2010

Dov´è la vittoria?

Por Edu Ribeiro

A Itália lutou, garantiu emoção até o último segundo da partida, quando o goleiro Mucha bate o tiro de meta e o juíz Howard Webb apita o fim de jogo, marcando o ínicio da desolação italiana. A “Azzura” tentou o quanto pode, mas esbarrou em suas prórpias deficiências técnicas.

O jogo não foi bonito, mas com certeza foi o mais emocionante da Copa, ainda apimentado pelo outro jogo do grupo, entre Paraguai e Nova Zelândia. O grupo estava completamente embolado, chegando ao ponto de caso os neozolandeses ganhassem, conseguiriam a classificação para as oitavas. Seria péssimo para o futebol, mas pelo menos o uniforme mais bonito do mundial continuaria no torneio, a camisa preta da Nova Zelândia.


Segunda camisa da Nova Zelândia, a mais bonita do mudial

Ops, voltando para a Itália, mesmo com 3 a 1 no placar aos 41 do segundo tempo, os italianos não desistiram, dimuinuiram a diferença e ainda tiveram chance de empatar, desperdiçada pelo atacante Pepe, cujo futebol não é nada semelhante ao antigo homônimo, segundo maior artilheiro da história do Santos, atrás apenas de um Pelé.

Mesmo não obtendo exito, vale ressaltar a luta da Itália. O time ter se mantido vivo até o final, mostra que mesmo em uma situação aparentemente irreversível, como a que se apresentou no jogo, a tradição da camisa ainda é forte. Porém a camisa não joga sozinha, para a Itália, faltou quem a vestisse dignamente. A Azzura não soube renovar o time que já era envelhecido em 2006. Manteve jogadores que caíram consideravelmente de nível em relação ao último mundial, como Zambrotta e Canavaro, além de não conseguir repor uma das pessas fundamentais do tetracampeonato, Totti. Sem ele, o meio-campo italiano não teve criatividade e, com a ausência de Pirlo, tudo ficou nos pés de De Rossi, o último cérebro pensante que restou na equipe.


Raça até na hora do hino, mas faltou futebol dentro de campo

No intervalo entre os mundiais, a Itália não conseguiu revelar nenhum valor que pudesse substituir os já em decadência campeões mundiais. A queda foi visível, até mesmo na defesa, que historicamente sempre foi o setor de destaque na equipe, onde ocorreram diversas falhas que contribuiram à eliminação.

A Itália, assim como a França, é o reflexo da queda de qualidade do futebol europeu. Não o de clubes, mas o de jogadores nascidos na Europa. O melhor time da Itália, a Inter de Milão, por exemplo, não tem nenhum italiano no seu time titular, e apenas alguns no elenco. Com equipes, cada vez mais, compostas por jogadores de outras nações, não existe mais espaço para novos talentos nativos surgirem nas grandes equipes. Os jovens acabam sendo renegados à times de pequeno e médio porte, e muitos talentos acabam sendo desperdiçados. As perspectivas são de um enfraquecimento cada vez maior das seleções europeias, mas em contrapartida, um fortalecimento dos outros centros, cada vez com mais jogadores atuando na Velho Continente, vide as campanhas de México, Uruguai e EUA na primeira fase na África, por exemplo.


Mesmo com todos esses problemas, resta à Itália renovar seu time. Como falamos de futebol italiano, alguns “jovens” jogadores de 25 anos já podem dar uma nova cara à “Azzura”. A Eslováquia, resta aproveitar seus últimos dias na África, até a próxima segunda-feira, 28, quando enfrentam a Holanda, data na qual Srktel (não o Pokemon), Vittel, Hamsik e cia, devem embarcar de volta para casa.

terça-feira, 22 de junho de 2010

O Carma Francês

Por Lucas Bueno

Na primeira Copa do Mundo sem o seu grande astro, Zinedine Zidane, a seleção francesa é desclassificada logo na fase de grupos do torneio, fazendo apenas um gol. Essa eliminação dos Bleus extrapola o nível técnico dos jogadores. A crise envolve desde os jogadores ao governo francês.

A polêmica francesa teve início ainda nas eliminatórias para a África 2010, quando na repescagem contra a Irlanda se classificou após empatar o jogo com um gol irregular, em uma ajeitada de mão escandalosa de Henry, para depois Gallas concluir a gol. A França estava na Copa! Pobres irlandeses.


Até que chegou a hora do sorteio dos grupos para o Mundial. E não é que os franceses tiveram "aparentemente" sorte. Escaparam de Brasil e Argentina, os cabeças-de-chave que poderiam enfrentar já na fase inicial, e as bolinhas os levaram para o grupo A, dos Bafana Bafana. Juntamente com a equipe anfitriã, os Bleus enfrentariam o Uruguai e o México. Um grupo equilibrado, mas "classificável" para a equipe vice-campeã em 2006.

A seleção francesa passa por uma renovação e sempre esse é um período que requer muita atenção e tranquilidade, fatos que foram esquecidos. O treinador Raymond Domenech, o supersticioso do zodíaco, na relação dos 23 convocados deixou de fora duas promissoras revelações, o atacante do Real Madrid, Karim Benzema e o meio campista do Arsenal, Samir Nasri.

O treinador apostou em outros jovens talentos, como o goleiro do Lyon, Lloris, o volante Diaby, do Arsenal, o armador do Bourdeaux, Gourcuff e os experientes, Evra, Gallas, Abidal, Anelka e Henry. E foram, justamente esses cinco últimos, que aguçaram a crise francesa.


Os jogadores, desrespeitando a hierarquia de Domenech, não concordaram com a escalação dos onze titulares para o confronto de estreia contra os uruguaios. Para o segundo confronto "os experientes" queriam algumas alterações na equipe, como o volante Toulalan e Diaby, além do capitão Henry. O grupo estava rachado os jovens de um lado e os mais velhos do outro e no comando.

Após a derrota por 2 a 0 para os mexicanos a crise foi escancarada e uma sucessão de problemas surgiram. O atacante Anelka xingou o treinador no vestiário e foi cortado da seleção, jogadores se desintendem em voo, o preparador físico francês quase sai no tapa com Evra, os atletas se recusam a treinar e dizem não serem apoiados pela Federação Francesa de Futebol (FFF).

Com toda essa guerra de interesses e vaidades, os prejudicados são os próprios profissionais que vão ficar com seus nomes manchados na história do futebol, e principalmente, a população francesa. É vergonhoso! Falta um líder nesse grupo francês, Henry não conseguiu assumir o vazio deixado por Zidane. A crise é tão grave que chegou ao governo francês. O depoimento da Ministra dos Esportes, Roselyne Bachelot, a pedidos do presidente Nicolas Sarkozy resumiu o sentimento dos franceses:


"O futebol francês enfrenta um desastre, não porque perdemos um jogo. Mas porque esse desastre é um desastre moral. O governo francês não intervem no esporte, salvo em casos em que a reputação do país inteiro está em jogo. Como é caso hoje."

"Olhei nos olhos de cada um deles e disse: 'está nas mãos de vocês que os nossos filhos continuem a vê-los como heróis. Para alguns ou muitos de vocês este será, provavelmente, o último jogo em uma Copa do Mundo. Um jogo de Copa do Mundo todos sonharam quando eram crianças.".

A reformulação no elenco será inevitável. O promissor treinador, Laurent Blanc, assumirá o comando da seleção. Agora veremos se o ego será maior que simples jogadores de futebol. ZICA IRLANDESA!

segunda-feira, 21 de junho de 2010

Las DOS manos de Diós!

Por Lucas Bueno

O Brasil superou os elefantes marfinenses por 3 a 1, manteve os 100% de aproveitamento e foi a segunda seleção a se classificar para as oitavas-de-final da Copa. O nosso artilheiro, Luís Fabiano, além de anotar dois gols, abriu uma chapelaria africana no Soccer City.

O semblante dos jogadores no aquecimento para a partida era sério, nenhum sorriso era dado. Todos apreensivos para o duelo que prometia muita luta. Drogba, com seu polêmico "braço biônico", Luís Fabiano, que não marcava pela seleção desde setembro de 2009 e Kaká que tenta buscar a forma física ideal para disputar o Mundial, eram os principais nomes.


O jogo foi extremamente marcado. O sueco Sven-Goran Eriksson armou sua equipe num 4-5-1, com Kalou aberto pela esquerda e Dindane pela direita, com o intuito de dificultar a subida dos laterais e a saída de bola brasileira. E essa tática surtiu efeito nos primeiros quinze minutos de jogo. Mas, apenas com marcação forte e sem criatividade, só com Drogba a frente, os marfinenses não venceriam os brasileiros. Essa criatividade em falta, apareceu quando Elano fez um corta-luz para Maicon que chegou cruzando, sem perigo.

Aí foi a hora do trio ofensivo brasileiro atuar e quando se juntam são sinônimo de jogo bonito. Robinho iniciou a jogada que teve um toque de calcanhar de Luís Fabiano até chegar em Kaká. Ele que andava apagado, deu uma assistência para o nosso 9 chegar batendo forte no ângulo do goleiro Boubacar Barry. 1 a 0 Brasil! Esse gol encerra um jejum de seis jogos pela seleção brasileira do atacante.


O jogo continuava brigado e duro. Logo aos seis minutos da etapa final, o lance mais bonito da Copa, até o momento, surgiu como uma pintura. O Fabuloso ganhou uma disputa pelo alto contra Tiéné, onde a bola tocou involuntariamente em sua mão, deu um lençol no companheiro de Sevilla, Zokora e não contente deu outro lençol em Kolo Touré, dominou meio de ombro meio de braço e assinou com um chute forte de esquerda a sua obra-prima.

E não venham reclamar que o gol tinha que ser anulado por toques de mão, porque na regra do bom futebol dois chapéus anulam duas mãos. A regra é clara! Com isso, 2 a 0!

O estranho foi a atitude dos torcedores vaiando o atacante após visualizarem no telão o lance do gol. Eles também deveriam vaiar os jogadores africanos que após tomarem o terceiro gol, de Elano com novamente Kaká dando uma assistência, abriram sua caixa de ferramentas. O meio campista Tioté acertou criminosamente Elano, que saiu machucado do gramado. Além de Keita que solou Michel Bastos e forçou a expulsão de Kaká. A força física quis se impor ao talento. Em vão. Com apenas um artista da bola em sua seleção, o atacante Didier Drogba, a Costa do Marfim teve "força" para anotar apenas um tento, após desatenção da defesa brasileira. Final de jogo, 3 a 1 Brasil!


A vitória e a classificação brasileira não podem mascarar os erros tupiniquins. A saída de bola com Gilberto Silva e Felipe Melo ainda é deficiente e lenta. Michel Bastos precisa ganhar mais confiança pela esquerda. A forma física de Kaká não pode ser escondida pela boa atuação que teve, sem contar sua falta de malandragem quando foi expulso por falta de malandragem. O Brasil sofreu, pela segunda vez na África, um gol no final de jogo por excesso de tranquilidade.

O Brasil segue em frente e evoluindo ao longo da Copa. O próximo adversário serão os portugueses que sacolaram os coreanos por 7 a 0. Isso mesmo, sete!

sábado, 19 de junho de 2010

Enfim o juiz apareceu

Por Lucas Bueno

Quem foi ao Ellis Park, em Joannesburgo, ver Eslovênia e EUA saiu satisfeito do estádio, pois presentiou um duelo repleto de emoções, confusão, muitos gols, superação, surpresa e um ingrediente que estava em falta nesta Copa da África, o erro decisivo da arbitragem. Koman Coulibaly, o árbitro de Mali da partida, acabou sendo o protagonista neste oitavo dia de Copa.

O jogo lembrou a final da Copa das Confederações entre os brasileiros e norte-americanos, ano passado no mesmo Ellis Park. Mas, naquela vez, os yankees tinham a vantagem de dois gols e sofreram a virada no final da partida, perdendo o título.


Voltando para o Mundial, os eslovenos começaram dominando a partida em busca da sua segunda vitória na história das Copas, já que conquistou sua primeira contra a Argélia há cinco dias. Vencendo os americanos, a Eslovênia seria a primeira seleção classificada para as oitavas-de-final. E logo aos doze minutos, o armador Birsa, jogador do Auxerre-FRA, acertou um belo chute colocado e abriu o placar para os europeus.

Quando os americanos estavam melhor na partida, em um contra-ataque iniciado pelo melhor jogador da Eslovênia na partida, o consistente lateral Brecko, que joga no Colônia-ALE, deu bom passe para Novakovic que tocou para o atacante Ljubijankic ampliar o placar, 2 a 0.

Os EUA se viam na mesma situação que o Brasil ano passado, na final da Copa das Confederações. Para buscar a virada os americanos tinham que fazer um gol logo no começo da etapa complementar, fato que Luís Fabiano os ensinou muito bem naquela ocasião.


E foi isso mesmo que aconteceu. Aos dois minutos, Donovan fez jogada veloz pela direita e acertou um chute forte para descontar o placar. Os EUA tentaram, no decorrer de todo segundo tempo, passar pela forte defesa europeia e aos 36 minutos, após boa ajeitada de cabeça do atacante Altidore, o filho do treinador, Bradley cutucou para o fundo do gol, empatando o duelo.

Agora os americanos estavam na mesma situação que os brasileiros em 2009, o jogo empatado faltando poucos minutos para acabar. Na ocasião passada nada, além da bola, ajudou o Brasil a vencer os EUA com um gol de cabeça de Lúcio.


Contra os eslovenos alguém atrapalhou uma virada inacreditável dos americanos. O protagonista foi o árbitro de Mali, Koman Coulibaly, o sósia do jogador Somália, ex-São Caetano e Fluminense. Faltando cinco minutos para o término do jogo, ele anulou um gol legítimo dos yankees, anotado por Edu (não o matador!), após cobrança de falta de Donovan. Um pecado, porque se houve alguma irregularidade no lance foram pênaltis, no mínimo dois, cometidos pelos defensores eslovenos nos americanos.

O duelo mais equilibrado da Copa, até então, se encerrou tendo o juiz no papel principal. A Eslovênia teve a sua inédita classificação nas mãos por oitenta e um minutos, até tomar o gol de empate. Agora terão que buscar a sua classificação contra a Inglaterra, já os americanos tem confronto contra os argelinos. Todos do grupo ainda têm chances de classificação.

sexta-feira, 18 de junho de 2010

É... Vencemos

Por Lucas Bueno

Enfim a seleção brasileira estreou na Copa do Mundo. Venceu a Coréia do Norte por 2 a 1, mas convenceu? A resposta do torcedor é óbvia, claro que não! Deveríamos golear essa seleção fraca! Essa é a ótica do torcedor. Por isso, vamos analisar o jogo sob outra visão, a imparcialidade.

Quando vai se aproximando o jogo do Brasil, a dificuldade cresce constantemente ao se tentar separar a razão da emoção. O Brasil adentra o gramado em Joannesburgo, o coração começa a bater mais rápido, a euforia toma conta do ambiente e sempre surgem, depois do hino nacional, comentários assim: Vamo lá Brasil! Hoje estou sentindo, 4 a 0 Brasil! ou Ahhh... o Kaká vai arrebentar com o jogo, você reparou na maneira que ele entrou em campo?!! Esse sentimento patriótico, nos tempos de Copa, aflora nossos corpos e todos, sem excessão, torcem e como torcem para o Brasil.


Ao final do jogo, o Brasil vence, mas é discreto. Reparamos em alguns rostos a preocupação, outros a decepção e a ansiedade por melhoras.

Agora, vamos transitar para o lado oposto, o da razão. A seleção de Dunga é pragmática, não possue alternativas que possam realmente mudar um jogo no decorrer da partida. Temos bons jogadores, mas falta algo. Ganso, Hernanes, Neymar, talvez. Mas já é tarde, temos que nos contentar com esses 23 que estão na África. A salvação está depositada em Júlio César, Robinho, Kaká e Luís Fabiano. Esses dois últimos voltaram de contusão agora e diante dos coreanos estavam fora do tempo de jogo. Dificilmente o nosso camisa 10 e o artilheiro estarão 100% na fase de classificação. (Espero que eu esteja errado.)


A cada jogo canarinho a dureza é maior. Nessa estreia o adversário possuia um único bom jogador, o carismático Jong Tae-Se, o Rooney asiático. Já nesta segunda partida, contra os marfinenses, o atacante é o original e atende pelo nome de Didier Drogba. Não nos assustemos se o Brasil vencer a Costa do Marfim por uma diferença de gols mínima, porque a prioridade deles é marcar, um empate é lucro. Como é duro torcer para essa seleção do Dunga!

Porém, quando avistarmos Kaká, Lúcio, Juan, Maicon, Elano e mesmo os sempre criticados Felipe Melo, Gilberto Silva no túnel de acesso ao gramado, a emoção e o orgulho em ser brasileiro nos contagiará e a racionalidade será esquecida por no mínimo 90 minutos. Isso é o futebol.

quarta-feira, 9 de junho de 2010

"Invictus" com a bola redonda

Por Lucas Bueno


O blog "Tapa Fácil" publicará diariamente posts relacionados aos acontecimentos mais marcantes ocorridos na Copa do Mundo de 2010. Fatos esses relatados com uma visão mais informal e inusitada sobre o assunto. Então daremos o ponta-pé inicial escrevendo sobre a seleção anfitriã, a África do Sul.

 
Guardem esta data de hoje, 9 de junho de 2010, ela poderá ser um marco na história mundial! Esse foi o dia que não houveram diferenças entre os homens na África do Sul, país que vivenciou e ainda vivencia, em menor escala, anos terríveis de segregação racial. Brancos e Negros não ocupavam o mesmo espaço. Mas eles se juntaram mais uma vez, relembrando o livro de John Carlin e, posteriormente, o filme Invictus, retratando como o esporte pode ser um elo forte para unir diferenças gritantes em uma nação totalmente desigual. Mas não devemos esperar eventos mundialmente grandes, como a Copa do Mundo de Rugby em 1995 e esse Mundial de futebol quinze anos depois. A mudança tem que partir nos pequenos atos individuais.
 
Por que este dia será marcante? As rádios e televisões convocaram todos os bafana bafana para vestirem a camiseta de sua seleção e pegarem seu objeto mais valioso e barulhento, as famosas vuvuzelas, para saudarem os jogadores sul-africanos na porta do hotel onde estão hospedados.
 
 
O temor que precedia o acontecimento era de existir apenas "negros" animados com a seleção, explicitando assim a  desigualdade racial presente na África do Sul, onde rugby é o esporte dos brancos e o futebol dos negros. Mas o que se viu foi uma aglomeração de todas as etnias, a geração arco-íris, com mais de 200 mil pessoas alegres animadas com a delegação dos bafana bafanas. Um êxtase total tomou conta de Joanesburgo.
 
O presidente sul-africano, Jacob Zuma, disse eufórico: "estou muito feliz de estar com vocês aqui hoje. Vim para mostrar que o país inteiro está 100% com os Bafana Bafana. Como otimista que sou, digo que vamos chegar à final. E minhas mãos já estão ansiosas para segurar a taça. A Copa do Mundo está pela primeira vez na África e é aqui que tem que permanecer.".
 
Esse sentimento relatado pelo Zuma contagiou todos. Agora torcemos para que a seleção bafana bafana se classifique para a segunda fase do torneio. Realidade essa totalmente plausível já que sob o comando de Carlos Arberto Parreira a África do Sul ainda não perdeu, foram 12 jogos, seis empates e seis vitórias. Sem contar que o grupo A da Copa do Mundo é o mais equilibrado com França, em má fase, México, que nunca assustou ninguém e o pobre Uruguai, restando-lhe apenas a raça.
 
 
Agora em um momento utópico de quem vos escreve, os bafana bafanas passam para as oitavas-de-final na segunda colocação e enfrentam a Argentina, líder do grupo B. Torço para eles derrotarem "nuestros hermanos" me vingando da Copa passada, quando em um vôo para Santiago no Chile, não pude ver o jogo Brasil e França. Ansioso para saber o resultado, um senhor argentino que sentava a minha frente no avião recebeu um telefonema assim que pousamos, dando várias gargalhadas. O maldito velhinho se virou para mim e meus amigos, e começou a gritar: HENRY! HENRY! 1 a 0! Quando peguei minhas malas, todos do aeroporto sabiam que éramos brasileiros, sendo motivo de chacotas por todos, chilenos, uruguaios e aquele argentino.
 
Parreira! Já que você foi um dos culpados da minha zombação geral em 2006, me vingue e vença os argentinos. Se bem que com o Joel Santana essa vitória seria ainda melhor e mais engraçada, "the right, the "mido", the left.".