O Brasil teve sorte ao cruzar nas oitavas-de-finais com o Chile, velho conhecido continental e maior perdedor em duelos no período Dunga, a enfrentar uma seleção que pratica o anti-futebol, a Suíça.
A seleção chilena, do treinador argentino Marcelo Bielsa, El loco, atraía olhares atentos dos fãs de futebol, pelo fato de "inovarem" no meio de tanto pragmatismo existente nesta Copa do Mundo. Durante todo o Mundial, Bielsa armou seu time ora num 4-3-3, ora em um 3-3-1-3, com o intuito de reter maior tempo de posse de bola, com dois pontas bem abertos e visar sempre o gol.
Essa tática ofensiva chilena era o ideal para o jogo dos comandados de Dunga encaixar e a classificação se concretizar. E foi isso mesmo que ocorreu. Brasil 3 a 0, sem se esforçar tanto.
Calor dos jogadores mostra maior movimentação no meio
O Chile tinha desfalques no setor mais problemático da seleção, a defesa. Medel, Ponce e Estrada estavam suspensos. Já pelo lado canarinho, Elano e Felipe Melo lesionados deram lugar a Daniel Alves e Ramires. Uma formação inédita de meia canja, mais leve e que deu muito certo no desenrolar da partida.
O jogo começou com maior posse de bola chilena, 73%, o que era esperado. O Brasil aguardava pacientemente para armar seus contra-ataques, sua arma letal, puxados por Kaká. A maior preocupação brasileira era pelo lado esquerdo, onde Michel Bastos ainda não agradava, e também pelo fato de Isla e Alexis Sanchez formarem uma boa dupla pelo flanco direito do campo. Mas o camisa 6 verde-amarelo fez sua melhor partida nesse confronto, anulando as investidas de Sanchez.
Com o desenrolar da partida, naturalmente, saiu o primeiro gol brasileiro, após cobrança de escanteio e cabeçada de Juan. O jogador da Roma-ITA, fez seu quarto gol diante dos chilenos. O zagueiro juntamente com o capitão Lúcio formam a melhor dupla de zaga da Copa, sem cometer erros. Com o gol, o Brasil se tornou dono do jogo. E em um contra-golpe rápido, puxado por Robinho, Kaká deu belo passe para Luís Fabiano fazer um gol de artilheiro, driblando o goleiro e colocando a Jabulani no fundo do gol. Duelo decidido.
O Chile já entrou em campo derrotado, lembrando-se do duelo de 1998, onde perdera por 4 a 1. A seleção, hoje, pentacampeã mundial causa espanto aos adversários.
Na etapa complementar a equipe de Dunga se poupou. Ele até pode colocar em campo, Kleberson e Gilberto, até então coadjuvantes. Antes de se encerrar a partida deu tempo para o maior carrasco do Chile, atualmente, Robinho anotar o seu oitavo gol, na era pós 2006, tornou-se o maior carrasco chileno ao lado de Pelé, depois de bela arrancada de Ramires. Esse mudou a cara do meio-de-campo brasileiro, mas por inocência tomou seu segundo cartão amarelo, quando o jogo já estava definido e não enfrentará a Holanda.
Freguês como sempre, os chilenos voltaram para casa demonstrando ao mundo um futebol não "europeizado", gostoso de se ver. Já o Brasil chegou na fronteira, as quartas-de-finais. Há quatro anos, na Alemanha, a bagunça da comissão técnica, jogadores e dirigentes resultou ao Brasil também chegar entre os oito melhores do mundo. Agora, todo o comprometimento do treinador está a prova. Superará Weiggs ou retornará para o Brasil eliminado, sendo o principal responsável por uma nova Era Dunga?