sábado, 8 de maio de 2010

Um sonho de 100 anos

Por Lucas Bueno

Estava tudo planejado para assistir Corinthians e Flamengo deitado, tranquilo no sofá de casa, mas eis que a luz em uma parte de Perdizes, bairro de São Paulo e próximo ao estádio do Pacaembu, acabou. Às 19 hrs a escuridão surgiu.

Então, eu e meu amigo, Rafael Regis, também colaborador deste blog, fomos ver o jogo em um dos únicos bares com luz nas cercanias de casa. Um bar repleto de corinthianos. Assistimos ao jogo sem torcer ou esboçar emoções que nos acarretariam problemas com os demais ali presentes.

O jogo começou e o Pacaembu estava abarrotado. Todos confiantes. O centenário não poderia acabar naquela quarta-feira. O Corinthians foi ao ataque e muito superior ao Flamengo no primeiro tempo. Ronaldo buscava o jogo, chamava a responsa, Dentinho idem. Ali no bar todos, aparentavam, concordar com a minha opinião.


Até que Danilo cruza e David, zagueiro do Flamengo, falha bizonhamente deixando a bola passar, traindo o goleiro Bruno. Explosão de euforia no bar e no Pacaembu, 1 a 0 Timão. E gritos de, "Esse é o nosso ano!", "Se cuida bambi!", ecoavam aos berros em meus ouvidos. O Corinthians mandava no jogo.

Aos 39 minutos do primeiro tempo, Dentinho deu um passe que na hora me fez lembrar o de Neymar para André na semi-final do campeonato Paulista contra o São Paulo, Ronaldo concluiu de cabeça e fez o segundo gol corinthiano. Pulos, gritos, choro, copos quebrados, era o que se ouvia e sentia naquele momento dentro daquele mesmo bar tomado por corinthianos.

Comentei com o Rafa, "agora já era, ninguém segura esses caras!" E acabou o primeiro tempo. Muitos torcedores aproveitaram o intervalo para se acalmarem, tomarem um chopp. Já eu e meu amigo estavámos esperando para vermos os gols de Santos e Atlético-MG.

O segundo tempo começou. Vimos que Kleberson havia entrado no lugar do apagado Vinícius Pacheco. E logo aos quatro minutos, quando o bar ainda estava vazio, pois muitos conversavam do lado de fora, Vagner Love fez o gol que dava a classificação aos cariocas. Gol esse que fez todos os corinthianos voltarem para o bar desacreditando no que viam. O trauma da Libertadores voltava. Mas a confiança por mais um gol do Timão era grande. Eu ainda acreditava nisso, também.


O tempo foi passando, as discussões no bar foram se tornando mais frequentes, uns apoiando a equipe, outros tantos criticando Manu Menezes por ter tirado Elias e colocado um "tal" de Paulinho. O jogo se encaminhava para o final, quando me deparei que estava praticamente sozinho no bar com meu amigo. Os corinthianos estavam do lado de fora do bar fumando e roendo unhas. Aí aos 46 do segundo tempo, o Timão teve uma falta na entrada da área. Roberto Carlos e Chicão na bola. Este foi para a cobrança. O tempo parou, todos apreensivos. Bruno faz uma bela defesa, assegurando o Flamengo nas quartas-de-finais da Libertadores.

Após a defesa do goleiro rubro-negro não ouvi mais nenhuma voz, dava para escutar o caixa do bar faturando o dinheiro, perdido pelos os corinthianos, daquela noite. Uma noitada que começou sem luz e acabou com fogos sendo estourados por todos os anti-corinthianos, que não são poucos.

Ao final do jogo voltei para casa dormir, ao som de sirenes de polícia, helicópteros, lamentações de torcedores que voltavam do estádio e ainda sem luz.


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