Por Lucas Bueno
O cenário criado para esta final da UEFA Champions League foi exuberante. A atmosfera em Madri ia crescendo constantemente no decorrer desta última semana. A cidade recebia novas cores, azul e preto pelo lado dos italianos e vermelho e branco pelos alemães. Tudo estava organizado para a grande final entre Inter de Milão e Bayern de Munique.
Michel Platini, presidente da UEFA, alterou neste ano a final da Champions League para o sábado, antes na quarta-feira, com o intuito de trazer mais famílias para o estádio, além de promover melhor o evento. Tudo foi feito conforme o combinado. José Mourinho, treinador da equipe de Milão e Van Gaal, comandante dos bávaros trataram de promover ainda mais a final. O primeiro, português, defende o futebol eficiente que traz resultados, já o outro, holandês, acredita no futebol bonito e de vitórias.
O palco, o Santiago Bernabéu, estava perfeito. O alemão e o italiano se confundiam no estádio, assim que as torcidas iniciavam o "duelo cantado", apoiando suas equipes em busca da taça. A abertura da final teve bailarinas que resgataram a tradição espanhola através da dança, essa minusciosamente coreografada, refletindo a preocupação com a organização do evento. Segurança reforçada, gramado perfeito.
Inter e Bayern entraram em campo para confrontaram em busca do "pote de ouro". O hino da Champions é tocado transformando o ambiente antes eufórico, em clássico, épico. A letra da música diz: "Os grandes e os melhores! Um grande, um soberbo encontro, o principal evento: estes são os homens, eles são os melhores, estes são os campeões!".
Realmente, Inter e Bayern são os campeões, ambos venceram a Copa e o campeonato nacional de seus respectivos países. Em Madri eles buscavam o tríplete, terceiro título em uma mesma temporada, feito conquistado apenas por cinco equipes até então: o Celtic, em 1967, o Ajax, em 1972, o PSV, em 1988, o Manchester United, em 1999, e o Barcelona, em 2009.
Toda a ansiedade, o clamour e a nostalgia se apequenaram diante de uma final "sem graça". Faltaram craques que com a bola nos pés encantassem os admiradores do futebol. A esperança estava depositada em Sneijder e Robben, ambos holandeses. O jogo decisivo sentiu falta de Ribéry. A obediência tática prevaleceu na final dessa Champions League. A Inter de Milão soube se defender e sair para os contra-ataques, com Milito, Eto´o e Sneijder. Mourinho armou a equipe, sem dar espaços ao Bayern. Pandev pelo lado esquerdo marcava as investidas do lateral alemão Lahm. Já Cambiasso caía pela esquerda para auxiliar o romeno Chivu na marcação de Robben.
A posse de bola do Bayern foi maior o jogo todo, mas sem criatividade, não levou nenhum perigo a meta de Júlio Cesar, exceto quando Müller recebeu livre dentro da área obrigando goleiro brasileiro a fazer bela defesa com o pé, evitando o empate naquele momento do Bayern. Empate porque Milito abriu o placar para a Inter, após boa assistência de Sneijder, aos 35 minutos da etapa inicial.
O segundo tempo demonstrou que o futebol praticado nessa final foi fraco. Van Gaal não tinha muitas alternativas no banco capazes de reverter o resultado. E isso ficou mais difícil aos 25 minutos da etapa complementar. O jogo se decidiu à proposta de Mourinho, com o contra-ataque, esse realizado por completo pelos "hermanos". Começou com Samuel interceptando um chute do croata Olic e foi finalizado com rara categoria por Milito, que antes havia dado uma bela finta em van Buyten. 2 a 0 Inter.
Em Madri, a responsabilidade defensiva prevaleceu. Sentimos falta dos dribles, da irresponsabilidade, da "molecagem", da arte. Melhor para os italianos, que depois de 45 anos voltaram a conquistar o título europeu de clubes, sendo tri-campeões ( 1964, 1965 e 2010).
Nenhum comentário:
Postar um comentário