O confronto entre uruguaios e ganeses, no estádio Soccer, foi épico. Mas, o jogo era o que menos chamava a atenção, pela qualidade técnica de ambos, se comparados aos demais seleções presentes nas quartas-de-finais da Copa do Mundo.
A peleja tinha um interessante enredo histórico que a compunha. Gana era a esperança do continente africano em conquistar o título em "sua" Copa. Vencendo eles seriam a primeira seleção africana a chegar na semi-final de um mundial. Já os celestes voltariam a figurar entre as quatro melhores seleções depois de quarenta anos.
O jogo não empolgava até o último lance da prorrogação. Nesse momento, surgiram os quatro personagens do duelo, Gyan e Adiyiah, por Gana, e Suaréz e "Loco" Abreu pelos uruguaios.
A partida caminhava para a disputa de pênaltis, já que, nos noventa minutos iniciais as seleções empataram por 1 a 1, com gols de Muntari para os africanos e Forlán para os sul-americanos. O relógio marcava cento e vinte minutos de jogo, ou seja, o minuto derradeiro do tempo-extra, quando Gana alçou a Jabulani na grande área pela direita, Prince Boateng escorou de cabeça e em um bate-rebate, Adiyiah cabeçou a bola que ia entrando e dando a classifição à África, até que...
Suárez, o artilheiro do Uruguai, em um ato inesperado e consciente defendeu a cabeçada do adversário com as mãos. Penalidade máxima. Todo o continente africano iria bater, mantendo assim, as esperanças de vitória. Cartão vermelho para o atacante-goleiro. Os uruguaios, desolados, estavam virtualmente desclassificados do Mundial. Gyan, que havia feito na Copa, dois gols de pênalti antes daquele jogo pôs a bola na cal. Ele foi para a cobrança, silêncio no gigante Soccer City. A Jabulani, teimosa como sempre, balançou o travessão de Muslera. Acaba-se o jogo, mas ele ainda não estava definido. Necessitava-se de uma disputa de penalidades para definir o semi-finalista.
O camisa 9 do Uruguai que saía às lágrimas por ser expulso de campo, entrou em êxtase ao ver a possibilidade de classificação ressurgir à Celeste, após erro do ganês.
Nas penalidades, acertos e erros para os dois lados, até que Adiyiah, aquele que quase fez o gol de cabeça foi para a cobrança. Partiu... e perdeu, Muslera defende e aponta para seus companheiros, passando a responsabilidade da definição. Eis que desponta entre os vinte atletas perfilados e abraçados no meio do campo, um jogador conhecido da torcida brasileira e principalmente dos botafoguenses, Sebastían "El Loco" Abreu.
Era a última cobrança, convertendo acabava o jogo. Todos os brasileiros que assistiam a partida sabiam ou torciam para que o "maluco" batesse o pênalti com a cavadinha, relembrando o feito contra o Flamengo na final do campeonato carioca. O foi o que ele fez! Uruguai nas semis.
Zidane é craque ao bater uma penalidade com cavadinha na final de uma Copa, Abreu é louco ao bater com cavadinha na final do Carioca. Agora, o atacante botafonguense deu o famoso toquinho em uma quarta-de-final da Copa. El Loco está evoluindo, o próximo passo será a sua internação em um manicômio.
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