Dorival Júnior não é mais treinador do Santos F.C. Esse é o desfecho de uma história que teve início, há duas semanas, com o chilique e excesso de vaidade de um garoto de 18 anos, tendo seu ápice no jogo contra o Atlético-GO, após não ser escolhido para efetuar a cobrança de pênalti, sofrida pelo mesmo.
A punição inicial dada a Neymar foi multa de 30% do salário, além de ser afastado do jogo contra o Guarani. Com o começo da semana e um clássico à vista contra o Corinthians, na Vila Belmiro, o vento, aparentemente, soprava na Baixada Santista, afastando as nuvens nebulosas que pairavam o CT Rei Pelé.
Mas, as vésperas do clássico, a jóia santista foi novamente barrada, com isso, as divergências entre diretoria, presidente e comandante santista se afloraram, tornando a situação, antes confusa, insustentável, ocorrendo por fim a demissão de Dorival Júnior.
A versão da diretoria santista, dada pelo diretor de futebol, Pedro Nunes Conceição, foi, segundo palavras do própio dirigente. ''Basicamente foram três pontos fundamentais (para a saída do treinador): Dorival teve um crise de autoridade, o que foi acordado com a diretoria não foi cumprido e, com isso, a confiança foi quebrada, e, mais uma vez a hierarquia também foi quebrada. Nós não aceitamos a indisciplina de atletas, mas também não podemos admitir que o clube seja refém de um profissional, ou por vaidade ou por motivos inconfessáveis''.
Já Dorival declarou que houve um mal entendido, uma falta de comunicação com a diretoria, para eles afirmarem que Neymar estaria disponível para o jogo contra o Corinthians. "Em nenhum momento houve essa conversa. Há um mal entendido aí. Desde o princípio, eu afirmei que a punição seria por tempo indeterminado", afirmou o ex-comandante santista.
Não sabemos qual lado da história está com a razão. O certo é que em diversos países, principalmente no Brasil, onde o futebol é uma paixão, os jogadores são super-valorizados. A exposição excessiva que esses possuem na mídia, sendo nomeados celebridades e exemplos pra sociedade, é muito perigosa.
Neymar, um garoto que há dois meses conquistava a Copa do Brasil, dando espetáculos sucessivos ao lado de Robinho, André e Ganso, viu seus companheiros serem negociados para clubes europeus ou lesionado. Assim, a dependência por boas atuações da equipe santista recaiu por completo nos ombros de Neymar e parece que ele não está sabendo lidar com tamanha responsabilidade.
Ao recusar uma proposta de 31 milhões de euros do Chelsea, o camisa 11 do Santos criou um mundo próprio da fantasia, que tem como habitantes os dirigentes santistas, que sempre aliviam para o garoto, o empresário Wagner Ribeiro, além dos carros importados, garotas, roupas, fama, tudo que um menino de 18 anos gostaria de ter.
Do mesmo modo que a imprensa exaltou o jogador arte que Neymar era até o mês de agosto, sem problemas, pensando apenas em jogar futebol, evidencia problemas normais de um adolescente que tenta encontrar sua personalidade, amadurecer e se tornar um homem. Só que o mundo futebolístico é cruel e não dá tempo para um garoto crescer naturalmente, tem que ser imediato. E isso não ocorreu com Neymar. As suas falhas sucessivas demonstram que ele ainda não está pronto para a Europa, onde o profissionalismo está a frente da marra e da vaidade.
O outro ponto conturbado desse fato é a falta de comando que a diretoria santista transpareceu ao lidar com os interesses do seu principal jogador. Um novo mandato da presidência iniciado em janeiro pregava a transparência. Tudo ia as mil maravilhas. Títulos, uma nova safra de talentos e uma atitude pioneira no país em relação a transferência de jogadores brasileiros para a Europa. Eles fizeram um plano de carreira para Neymar até 2014, elevando seu salário, valorizando-o e recusando um caminhão de dinheiro do poderoso Chelsea. Todos exaltaram a posição santista, que faria o mesmo com outra raridade da Vila, PH Ganso.
Mas o que vimos foi uma diretoria refém de um jogador e simplesmente ignorando o histórico de um treinador que com seu esquema ofensivo foi destaque no Brasil, nesse ano de 2010. Dorival foi quem valorizou os Meninos da Vila II, porque lembremos que ano passado, Luxemburgo não dava muita moral a Neymar, Ganso e cia.
Logo mais, às 22 horas na Vila Belmiro, Neymar estará em campo para enfrentar o líder do campeonato. Como um craque, o garoto pode deixar de fora seus problemas e ajudar o Santos a superar o Corinthians. Em particular, acredito que os admiradores do esporte esperam que a equipe santista saia derrotada nesta quarta-feira. O futebol agradeceria, fazendo um pouco de justiça a tentativa de comando proposta por Dorival Júnior. Como diria o outro, A BOLA PUNE, COMPANHEIRO!
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