Grandes expectativas foram criadas ao redor da seleção masculina de basquete para a disputa do Campeonato Mundial, na Turquia. Toda essa atenção dada pelos veículos esportivos de comunicação tinham alguns propósitos para acontecer, um treinador de ponta e atletas comprometidos.
O incentivo que nossos jogadores precisavam possui um nome, este é Rubén Magnano. Um argentino que acreditou no projeto de reconstrução do basquete nacional, que já iniciara o projeto com um novo campeonato nacional, organizado pelos clubes a NBB e a modificação de postura, tanto dos dirigentes como dos atletas, quando atuam pela seleção.
Mas Magnano não é um treinador de basquete normal. Foi ele quem revolucionou o basquete argentino levando os hermanos ao vice-campeanato Mundial em 2002, à medalha de ouro olímpica em Atenas 2004 e à medalha de bronze nas Olimpíadas de Pequim.
Ele foi "recrutando" os homens que queria contar para a disputa do Mundial, conseguindo convocar os melhores do basquete brasileiro, até aqueles que atuam pela NBA, fato raro nos últimos anos. O Brasil entrava nesse torneio com o respeito dos demais adversários, não a falsa preocupação que todas as outras seleções diziam ter sobre os brasileiros, mas o real temor de que o Brasil, com Leandrinho, Tiago Splitter, Anderson Varejão e Nenê, que foi cortado antes do início do Mundial com uma lesão no tendão Aquiles, poderia alçar voos maiores, o pódio.
O Mundial começou para o Brasil com duas vitórias, sobre Irã e Tunísia, mas sem convencer. Até que no terceiro confronto da fase de grupo enfrentamos os EUA. Esse duelo marcou realmente o começo do campeonato para a seleção verde-amerela. Surpreendemos os americanos ao perdemos por apenas dois pontos de diferença, tendo a chance de vitória na última bola do jogo. Encerrado a partida, nas ruas, nos bares, na faculdade, o futebol foi deixado de lado para falarmos sobre basquete. Isso mesmo BASQUETE!
Parecíamos os entendedores, mesmo sendo a nação do esporte praticado com os pés, ao invés das mãos. O basquete ressurgia do esquecimento e com a força que merece. Acompanhamos o jogo contra a Eslovênia, e novamente perdemos por pouco, três pontos. Por uma enorme desatenção e desequilíbrio no segundo quarto contra os eslovenos, os brasileiros teriam que enfrentar a Argentina nas oitavas-de-final, após vencer com propriedade a seleção da Croácia, no último duelo da fase de classificação. Detalhes que definiram a história dos comandados de Magnano na Turquia. Se vencessemos, o Brasil ficaria com a segunda colocação do grupo, fugiria do chaveamento com norte-americanos e argentinos, tendo em tese, um caminho mais tranquilo até as semi-finais do Mundial.
Com duas derrotas na primeira fase, algumas pessoas começaram a contestar a seleção, que sempre jogava bem, mas saía derrotada no final. E a expressão de jogamos como nunca e perdemos como sempre começou a surgiu.
Essa frase muito usada para falarmos do futebol mexicano em Copas do Mundo, quando sempre dizem que possuem um time forte para chegar entre os quatro melhores, e sempre empacam nas oitavas. O projeto da seleção de basquete vem evoluindo desde a contratação do treinador espanhol Moncho Monsalve, em janeiro de 2008. O país que está sem disputar os Jogos Olímpicos desde Atlanta-96, jogará os Jogos de Londres daqui dois anos, com chances de disputar uma medalha.
Deixando o patriotismo de lado e voltando para a Turquia, o Brasil jogou contra a Argentina, seleção que ocupa a primeira colocação no ranking da FIBA, na arena Sinan Erdem em Istambul, buscando estar entre as oito melhores seleções do mundo.
O jogo comprovou o que se esperava da rivalidade histórica entre brasileiros e argentinos. Do lado tupiniquim estavam o mentor da geração dourada da argentina, Rubén Magnano, além de Huertas, Splitter, Varejão e cia. Já pelo lado hermano estavam os pupilos de Magnano, liderados por Luís Scola, o melhor jogador do Mundial, até então.
Foram 40 minutos brigados, estudados e pensados. O Brasil era liderado por Marcelinho Huertas, capitão e armador da seleção. O camisa 9 liderou a equipe com 32 pontos. Mas essa excelente atuação do nosso atleta não freiou o ímpeto dos argentinos e do seu atleta mais perigoso, Scola, que anotou incríveis 37 pontos. O argentino acertava até quando queria errar, como aconteceu no último lance livre anotado por ele no jogo.
Com o confronto equilibrado, ora os argentinos abriam seis pontos de diferença, ora os brasileiros abriam sete, mas a experiência saiu vencedora novamente, a Argentina. Uma geração que está habituada a disputar grandes decisões ganhou por quatro pontos, 93 a 89, a seleção brasileira, que atuou sempre no limite das possibilidades, deixando os brasileiros orgulhosos e esperançosos para a conquista da vaga para Londres-2012, no Pré-Olímpico ano que vem em Mar del Plata, na Argentina.
Estes doze guerreiros, não aqueles de Dunga, Huertas, Leandrinho, Alex, Varejão, Splitter, Nezinho,Guilherme Giovannoni, Marcelinho Machado, Marquinhos, Murilo, JP Batista e Raulzinho, colocaram, outra vez na vitrine mundial, o basquete brasileiro que vivenciou nos últimos dezesseis anos uma fase nebulosa, sem motivos para sorrir, encontrando, neste atual momento, o caminho dos tijolos de ouro.
Essa seleção certamente deu orgulho aos grandes nomes da história do basquete nacional masculino, Wlamir Marques, Ubiratan, Oscar, Amaury Passos e fizeram com que eles, os sempre defensores da modalidade, voltassem a acreditar no Brasil.
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