quarta-feira, 22 de setembro de 2010

NEYMAR x dorival jr.

Por Lucas Bueno

Dorival Júnior não é mais treinador do Santos F.C. Esse é o desfecho de uma história que teve início, há duas semanas, com o chilique e excesso de vaidade de um garoto de 18 anos, tendo seu ápice no jogo contra o Atlético-GO, após não ser escolhido para efetuar a cobrança de pênalti, sofrida pelo mesmo.

A punição inicial dada a Neymar foi multa de 30% do salário, além de ser afastado do jogo contra o Guarani. Com o começo da semana e um clássico à vista contra o Corinthians, na Vila Belmiro, o vento, aparentemente, soprava na Baixada Santista, afastando as nuvens nebulosas que pairavam o CT Rei Pelé.


Mas, as vésperas do clássico, a jóia santista foi novamente barrada, com isso, as divergências entre diretoria, presidente e comandante santista se afloraram, tornando a situação, antes confusa, insustentável, ocorrendo por fim a demissão de Dorival Júnior. 

A versão da diretoria santista, dada pelo diretor de futebol, Pedro Nunes Conceição, foi, segundo palavras do própio dirigente. ''Basicamente foram três pontos fundamentais (para a saída do treinador): Dorival teve um crise de autoridade, o que foi acordado com a diretoria não foi cumprido e, com isso, a confiança foi quebrada, e, mais uma vez a hierarquia também foi quebrada. Nós não aceitamos a indisciplina de atletas, mas também não podemos admitir que o clube seja refém de um profissional, ou por vaidade ou por motivos inconfessáveis''.


Já Dorival declarou que houve um mal entendido, uma falta de comunicação com a diretoria, para eles afirmarem que Neymar estaria disponível para o jogo contra o Corinthians. "Em nenhum momento houve essa conversa. Há um mal entendido aí. Desde o princípio, eu afirmei que a punição seria por tempo indeterminado", afirmou o ex-comandante santista.

Não sabemos qual lado da história está com a razão. O certo é que em diversos países, principalmente no Brasil, onde o futebol é uma paixão, os jogadores são super-valorizados. A exposição excessiva que esses possuem na mídia, sendo nomeados celebridades e exemplos pra sociedade, é muito perigosa.

Neymar, um garoto que há dois meses conquistava a Copa do Brasil, dando espetáculos sucessivos ao lado de Robinho, André e Ganso, viu seus companheiros serem negociados para clubes europeus ou lesionado. Assim, a dependência por boas atuações da equipe santista recaiu por completo nos ombros de Neymar e parece que ele não está sabendo lidar com tamanha responsabilidade.

Ao recusar uma proposta de 31 milhões de euros do Chelsea, o camisa 11 do Santos criou um mundo próprio da fantasia, que tem como habitantes os dirigentes santistas, que sempre aliviam para o garoto, o empresário Wagner Ribeiro, além dos carros importados, garotas, roupas, fama, tudo que um menino de 18 anos gostaria de ter.


Do mesmo modo que a imprensa exaltou o jogador arte que Neymar era até o mês de agosto, sem problemas, pensando apenas em jogar futebol, evidencia problemas normais de um adolescente que tenta encontrar sua personalidade, amadurecer e se tornar um homem. Só que o mundo futebolístico é cruel e não dá tempo para um garoto crescer naturalmente, tem que ser imediato. E isso não ocorreu com Neymar. As suas falhas sucessivas demonstram que ele ainda não está pronto para a Europa, onde o profissionalismo está a frente da marra e da vaidade.

O outro ponto conturbado desse fato é a falta de comando que a diretoria santista transpareceu ao lidar com os interesses do seu principal jogador. Um novo mandato da presidência iniciado em janeiro pregava a transparência. Tudo ia as mil maravilhas. Títulos, uma nova safra de talentos e uma atitude pioneira no país em relação a transferência de jogadores brasileiros para a Europa. Eles fizeram um plano de carreira para Neymar até 2014, elevando seu salário, valorizando-o e recusando um caminhão de dinheiro do poderoso Chelsea. Todos exaltaram a posição santista, que faria o mesmo com outra raridade da Vila, PH Ganso.


Mas o que vimos foi uma diretoria refém de um jogador e simplesmente ignorando o histórico de um treinador que com seu esquema ofensivo foi destaque no Brasil, nesse ano de 2010. Dorival foi quem valorizou os Meninos da Vila II, porque lembremos que ano passado, Luxemburgo não dava muita moral a Neymar, Ganso e cia.

Logo mais, às 22 horas na Vila Belmiro, Neymar estará em campo para enfrentar o líder do campeonato. Como um craque, o garoto pode deixar de fora seus problemas e ajudar o Santos a superar o Corinthians. Em particular, acredito que os admiradores do esporte esperam que a equipe santista saia derrotada nesta quarta-feira. O futebol agradeceria, fazendo um pouco de justiça a tentativa de comando proposta por Dorival Júnior. Como diria o outro, A BOLA PUNE, COMPANHEIRO!

terça-feira, 7 de setembro de 2010

Jogamos como nunca e... a esperança reacende

Por Lucas Bueno

Grandes expectativas foram criadas ao redor da seleção masculina de basquete para a disputa do Campeonato Mundial, na Turquia. Toda essa atenção dada pelos veículos esportivos de comunicação tinham alguns propósitos para acontecer, um treinador de ponta e atletas comprometidos.

O incentivo que nossos jogadores precisavam possui um nome, este é Rubén Magnano.  Um argentino que acreditou no projeto de reconstrução do basquete nacional, que já iniciara o projeto com um novo campeonato nacional, organizado pelos clubes a NBB e a modificação de postura, tanto dos dirigentes como dos atletas, quando atuam pela seleção.

Mas Magnano não é um treinador de basquete normal. Foi ele quem revolucionou o basquete argentino levando os hermanos ao vice-campeanato Mundial em 2002, à medalha de ouro olímpica em Atenas 2004 e à medalha de bronze nas Olimpíadas de Pequim.


Ele foi "recrutando" os homens que queria contar para a disputa do Mundial, conseguindo convocar os melhores do basquete brasileiro, até aqueles que atuam pela NBA, fato raro nos últimos anos. O Brasil entrava nesse torneio com o respeito dos demais adversários, não a falsa preocupação que todas as outras seleções diziam ter sobre os brasileiros, mas o real temor de que o Brasil, com Leandrinho, Tiago Splitter, Anderson Varejão e Nenê, que foi cortado antes do início do Mundial com uma lesão no tendão Aquiles, poderia alçar voos maiores, o pódio.

O Mundial começou para o Brasil com duas vitórias, sobre Irã e Tunísia, mas sem convencer. Até que no terceiro confronto da fase de grupo enfrentamos os EUA. Esse duelo marcou realmente o começo do campeonato para a seleção verde-amerela. Surpreendemos os americanos ao perdemos por apenas dois pontos de diferença, tendo a chance de vitória na última bola do jogo. Encerrado a partida, nas ruas, nos bares, na faculdade, o futebol foi deixado de lado para falarmos sobre basquete. Isso mesmo BASQUETE!

Parecíamos os entendedores, mesmo sendo a nação do esporte praticado com os pés, ao invés das mãos. O basquete ressurgia  do esquecimento e com a força que merece. Acompanhamos o jogo contra a Eslovênia, e novamente perdemos por pouco, três pontos. Por uma enorme desatenção e desequilíbrio  no segundo quarto contra os eslovenos, os brasileiros teriam que enfrentar a Argentina nas oitavas-de-final, após vencer com propriedade a seleção da Croácia, no último duelo da fase de classificação. Detalhes que definiram a história dos comandados de Magnano na Turquia. Se vencessemos, o Brasil ficaria com a segunda colocação do grupo, fugiria do chaveamento com norte-americanos e argentinos, tendo em tese, um caminho mais tranquilo até as semi-finais do Mundial.


Com duas derrotas na primeira fase, algumas pessoas começaram a contestar a seleção, que sempre jogava bem, mas saía derrotada no final. E a expressão de jogamos como nunca e perdemos como sempre começou a surgiu.

Essa frase muito usada para falarmos do futebol mexicano em Copas do Mundo, quando sempre dizem que possuem um time forte para chegar entre os quatro melhores, e sempre empacam nas oitavas. O projeto da seleção de basquete vem evoluindo desde a contratação do treinador espanhol Moncho Monsalve, em janeiro de 2008. O país que está sem disputar os Jogos Olímpicos desde Atlanta-96, jogará os Jogos de Londres daqui dois anos, com chances de disputar uma medalha.

Deixando o patriotismo de lado e voltando para a Turquia, o Brasil jogou contra a Argentina, seleção que ocupa a primeira colocação no ranking da FIBA, na arena Sinan Erdem em Istambul, buscando estar entre as oito melhores seleções do mundo.

O jogo comprovou o que se esperava da rivalidade histórica entre brasileiros e argentinos. Do lado tupiniquim estavam o mentor da geração dourada da argentina, Rubén Magnano, além de Huertas, Splitter, Varejão e cia. Já pelo lado hermano estavam os pupilos de Magnano, liderados por Luís Scola, o melhor jogador do Mundial, até então.


Foram 40 minutos brigados, estudados e pensados. O Brasil era liderado por Marcelinho Huertas, capitão e armador da seleção. O camisa 9 liderou a equipe com 32 pontos. Mas essa excelente atuação do nosso atleta não freiou o ímpeto dos argentinos e do seu atleta mais perigoso, Scola, que anotou incríveis 37 pontos. O argentino acertava até quando queria errar, como aconteceu no último lance livre anotado por ele no jogo.

Com o confronto equilibrado, ora os argentinos abriam seis pontos de diferença, ora os brasileiros abriam sete, mas a experiência saiu vencedora novamente, a Argentina. Uma geração que está habituada a disputar grandes decisões ganhou por quatro pontos, 93 a 89, a seleção brasileira, que atuou sempre no limite das possibilidades, deixando os brasileiros orgulhosos e esperançosos para a conquista da vaga para Londres-2012, no Pré-Olímpico ano que vem em Mar del Plata, na Argentina.


Estes doze guerreiros, não aqueles de Dunga, Huertas, Leandrinho, Alex, Varejão, Splitter, Nezinho,Guilherme Giovannoni, Marcelinho Machado, Marquinhos, Murilo, JP Batista e Raulzinho, colocaram, outra vez na vitrine mundial, o basquete brasileiro que vivenciou nos últimos dezesseis anos uma fase nebulosa, sem motivos para sorrir, encontrando, neste atual momento, o caminho dos tijolos de ouro.

Essa seleção certamente deu orgulho aos grandes nomes da história do basquete nacional masculino, Wlamir Marques, Ubiratan, Oscar, Amaury Passos e fizeram com que eles, os sempre defensores da modalidade, voltassem a acreditar no Brasil.